Pasteur contribuiu grandemente para o avanço da microbiologia e da ciência. Ele refutou a teoria da abiogênese, determinou o processo de fermentação pelas leveduras, e desenvolveu a pasteurização.
As contribuições não param por aí. Baseando-se nas demonstrações de Jenner, com a vacina da varíola, ele se empolgou com a ideia de que seria possível desenvolver vacinas para todas as doenças infecciosas. Antes disso, porém, ocorreram alguns fatos, ao acaso, determinantes para o desenvolvimento dos seus experimentos.
Essa é a história que contarei hoje. Até esse momento decisivo, Pasteur já havia estudado a cólera das galinhas e havia obtido culturas puras da Pasteurella multocida. Foi somente em 1879, devido a um erro de seu assistente, que ele observou a perda gradual da virulência. Vejamos como isso aconteceu...
Bem, o pessoal do laboratório sairia de férias, Pasteur designou a um de seus assistentes que, antes de encerrar as atividades, injetasse culturas frescas da bactéria nas galinhas. O assistente, no entanto, se esqueceu da tarefa, deixando a cultura em cima da bancada, com um tampão de algodão.
Quando o tal ajudante voltou das férias, depois de um mês, lembrou-se do que Pasteur havia pedido e resolver fazer o experimento. E algo surpreendente aconteceu! As galinhas desenvolveram sintomas brandos da doença e se recuperaram.
Isso deixou Pasteur intrigado. Ele então resolveu injetar, nessas mesmas galinhas, uma cultura fresca. Pasmem! As galinhas continuaram saudáveis!
Para provar que culturas expostas ao ar, demonstravam um declínio proporcional na sua virulência, ele efetuou um novo experimento. E assim foi demonstrado o fenômeno da atenuação.
Tempos depois, Pasteur trabalhou com Emile Roux e Charles Chamberland, na elaboração de uma vacina atenuada de antraz. Bom, diferente das culturas da cólera de galinha, as culturas de Bacillus anthracis, quando expostas ao ar, formam esporos altamente virulentos, prejudicando o processo de atenuação.
Graças a seus esforços de Pasteur, no entanto, descobriu-se que a cultura era incapaz de esporular quando aquecida a 42–43 °C. Essa cultura não esporulante, quando mantida nessa temperatura, demonstrava um declínio na virulência quando inoculadas em animais.
Influenciado pelas ideias de Victor Galtier, em 1881, Pasteur seguiu na pesquisa para o desenvolvimento de uma vacina atenuada para o vírus da raiva.
Até então, ele não sabia que o agente causador da raiva era um vírus, muito menos porque ele não conseguia cultivar o agente infeccioso fora do hospedeiro. Na prática, portanto, era preciso desenvolver a vacina utilizando-se organismos vivos.
Para tal, o procedimento consistia em inocular vários coelhos sucessivamente. Ao final do experimento, era preciso dissecar os animais e coletar o material da medula espinhal, o qual era utilizado na produção da vacina.
A vacina experimental, que foi inicialmente aplicada em 50 cães, foi um sucesso. Aliás, o termo vacina foi criado por Pasteur, para homenagear Jenner, o descobridor da vacina contra a varíola.
Embora Pasteur tivesse obtido êxito com os animais, ele não tinha provas de que a vacina da raiva seria efetiva em humanos. Em 1885, na presença de dois médicos, Pasteur utilizou a vacina da raiva para tratar um menino de 9 anos que havia sido mordido por um cão raivoso. O menino sobreviveu!
Sabendo desse fato, muitas pessoas passaram a procurá-lo, em busca do tratamento. E assim surgia o Instituto Pasteur.
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