No texto anterior discutimos uma das hipóteses relacionada à formação do biofilme. Vimos que o biofilme parece exercer um papel importante no comportamento cooperativo e até mesmo assemelha-se a um organismo multicelular. No entanto, ainda faltam muitas lacunas para provar que de fato os biofilmes são estruturas que evoluíram para potencializar o comportamento social em bactérias.
Essas incertezas derivam das diversas propriedades que emergem com a produção de um biofilme. Uma delas é a defesa contra estresses e compostos antimicrobianos. Esse aspecto, por exemplo, tem um impacto negativo significativo na área médica, especialmente porque a natureza crônica de certas doenças está diretamente relacionada com o desenvolvimento de biofilmes.
Bem, os mecanismos pelos quais o biofilme se torna tolerante ainda não são totalmente compreendidos. Porém, essa característica deriva-se das baixas taxas de crescimento e heterogeneidade das células presentes no biofilme, assim como da natureza da matriz. Uma propriedade interessante, é a capacidade dos microrganismos responderem a estímulos ambientais de forma que a informação recebida seja traduzida como um alerta para a produção de matriz.
Em outras palavras, os microrganismos utilizam reguladores de resposta ao estresse que induzem a expressão de genes relacionados com a produção de matriz e outros relacionados com a formação de biofilme.
Um exemplo tornará isso mais claro. A depleção de ferro no corpo humano consegue induzir a expressão de genes que codificam o EPS em estafilococos e enterococos. Dessa forma, condições adversas estimulariam a produção do biofilme como uma forma de defesa para esses organismos.
No entanto, se a defesa for a real força que dirige a formação dos biofilmes, pelo menos no corpo humano, como explicar a formação de uma comunidade séssil em um ambiente inóspito? Não seria mais intuitivo continuar como uma forma planctônica e dirigir-se para um ambiente mais favorável (muitos genes relacionados com locomoção são regulados negativamente nos biofilmes).
Conclusão: o estresse não é a único parâmetro que induz esse modo de crescimento.
Não perca o próximo texto e descubra qual o outro fator que rege a formação dos biofilmes.
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